A Secretaria Executiva da Universidade
Aberta do SUS (UNA-SUS) lançou, nessa quarta-feira (18), em conjunto com
a Secretaria de Vigilância em Saúde, o curso Manejo da Coinfecção
Tuberculose-HIV (TB-HIV). O evento ocorreu durante o 10º Congresso de
HIV/Aids, que acontece de 17 a 20 de novembro, em João Pessoa e é
promovido pelo Ministério da Saúde.
As inscrições podem ser realizadas a partir dessa quarta-feira (18),
pelo site.
O curso tem carga horária de 45 horas e é
voltado para profissionais que já lidam com HIV/Aids, especialmente
aqueles que prescrevem e manejam antirretrovirais. É composto por três
unidades, que tratam de aspectos de apoio psicossocial e manejo clínico
de coinfecção, com foco especial no diagnóstico de tuberculose nas
pessoas que tem HIV. A última unidade traz casos clínicos interativos
que simulam situações reais.
As três unidades iniciais são abertas a
todos. Ao final dessa primeira etapa, serão aplicados questionários para
selecionar profissionais que trabalham em serviços que já manejam
antirretrovirais, ou que atuam em serviços especializados de atendimento
de pessoas que tem HIV/AIDS. Essas pessoas terão a oferta de uma quarta
unidade, que é específica para a organização do Serviços de Atenção
Especializada a pessoas vivendo com HIV/Aids (SAE).
“Essa unidade trata de aspectos bem
específicos sobre dispensação de medicamentos e de organização da rede”,
explica a enfermeira e roteirista do curso, Olga Rodrigues.
De acordo com relatório publicado pela
Organização Mundial da Saúde (OMS) em outubro, a tuberculose é a doença
infecciosa mais letal do mundo e a que mais mata pessoas com aids,
segundo o Ministério da Saúde. Rodrigues explica que, por esse motivo,
“é muito importante que os profissionais que atendem pessoas com
HIV/Aids estejam atentos aos principais sinais e sintomas e investiguem a
tuberculose para diagnosticar e tratar o quanto antes essa coinfecção”.
Rodrigues ressalta que essa é a importância de tratar das duas doenças
de forma conjunta e relembra o alerta do Ministério da Saúde: “a
tuberculose tem cura e o HIV tem tratamento”.
A relação entre o TB e HIV
Coinfecção significa que há duas doenças
presentes no organismo ao mesmo tempo. “A tuberculose tem uma
peculiaridade: a pessoa pode estar infectada pelo bacilo da doença, mas
não estar enferma. A maior parte das pessoas infectadas pelo bacilo não
irão adoecer”, explica Rodrigues.
A OMS estima que um terço da população
mundial está infectada pelo bacilo. Estima-se que, na população em
geral, 10% irão adoecer: 5% nos primeiros dois anos de infecção e 5% ao
longo da vida. Quem tem HIV, tem risco de 10% de adoecimento por
tuberculose ao ano. Ou seja, a cada ano, 10% das pessoas infectadas pelo
bacilo irão desenvolver a doença ativa.
O risco de quem tem HIV desenvolver
tuberculose é 3 a 21 vezes maior que a população em geral. A infecção
por HIV possibilita uma série de outras coinfecções, mas a tuberculose é
bastante frequente porque atua no organismo de forma sinérgica, ou
seja: a infecção por HIV facilita o desenvolvimento de tuberculose e,
quando a pessoa tem tuberculose, automaticamente ela tem uma progressão
da aids. “Não necessariamente quem tem tuberculose vai ser considerado
um caso de aids, estando infectado pelo HIV, mas o risco de ambas
doenças progredirem muito rapidamente é grande, fragiliza o organismo”,
explica a enfermeira e roteirista do curso.
O processo de aprendizado é dinâmico
No aspecto de conteúdo, o curso traz
várias inovações. “Para facilitar o aprendizado e tornar o processo mais
dinâmico, optamos por utilizar muitos recursos visuais multimídia, como
animações, vídeos e infográficos”, ressalta o gestor de oferta da
SE/UNA-SUS, Francileudo Lima.
Além disso, todos os recursos
educacionais do curso ficarão disponibilizados para download. Dessa
forma, o aluno poderá baixar vídeoaulas, tanto no formato de vídeo como
em mp3, para ouvir de qualquer lugar. As transcrições das aulas serão
também disponibilizadas, garantindo inclusive a acessibilidade de
pessoas com deficiência auditiva. “O aluno poderá baixar os conteúdos
quando estiver utilizando a internet e estudar, mesmo quando estiver
offline”, afirma Lima.
O gestor de oferta ressalta ainda que as
vídeoaulas não seguem um modelo de educação formal, como nas salas
presenciais. “Não fizemos uma simples reprodução do que acontece na sala
de aula, pois entendemos que a educação a distância exige uma linguagem
própria. Assim, otimizamos o conteúdo para torná-lo o mais direto
possível”. As aulas são mais curtas, complementadas também por textos
de apoio, que contextualizam o conteúdo abordado.
A unidade sobre os casos clínicos dá
oportunidade ao aluno de refletir sobre questões que serão frequentes no
dia a dia das unidades de saúde. As simulações estão bem trabalhadas e
sempre há feedbacks de cada opção de resposta, bem como outros links
que fundamentam e discutem o porquê da conduta escolhida pelo aluno é a
mais apropriada ou não.
“Os casos clínicos são uma oportunidade
interessante para que os alunos exercitem o que aprenderam no curso e
que viverão na prática das unidades básicas de saúde”, finaliza Lima.
Fonte: SE/UNA-SUS, por Claudia Bittencourt